O vídeo da música “House of cards” (do “In rainbows”, 2007) foi dirigido por James Frost e foi feito sem a utilização de câmeras ou luz. No lugar disso foram utilizados dois sensores de captura de dados 3D e o video foi feito a partir do processamento desses dados.
As imagens dos rostos e outros detalhes foram captadas com os sensores da Geometric Informatics.
As imagens externas (paisagens, edificações, cenas com várias pessoas) foram captadas com o Velodyne LIDAR (que significa leitura de ambiente através de lasers) com 64 lasers rodando e atingindo um raio de 360 graus, 900 vezes por minuto.
Estava lendo um belo texto do Fabrício Carpinejar que foi sugerido pelo meu amigo de infância Alex Krumholz, mais especificamente sugestão do seu pai, Mário (nas brincadeiras de criança ele era o "chefe" e Alex - e às vezes eu - eramos Chefinho!) a quem agradeço a dica. Logo no início do texto de Carpinejar, intitulado "Pai de meu pai" (http://goo.gl/GYzDLA), vem a tijolada: "Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai. (...) É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho. É quando aquele pai, outrora firme e instransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar." Comecei a ler o texto e o "filme" que veio na minha cabeça era a história/memória da minha vida (como pai, filho, neto, sobrinho e amigo) e a trilha sonora era "O filho que eu quero ter" de Vinícius de Moraes e Toquinho que canto/recito quase sempre que vou ninar meus filhos Gabriel e Ramiro... E não preciso nem dizer que ao final eu fico tal qual Vinícius, que foi encontrado por Toquinho aos prantos quando terminou de escrever a letra. O Filho Que Eu Quero Ter
Toquinho/Vinícius de Moraes
É comum a gente sonhar, eu sei Quando vem o entardecer Pois eu também dei de sonhar Um sonho lindo de morrer Vejo um berço e nele eu me debruçar Com o pranto a me correr E assim, chorando, acalentar O filho que eu quero ter Dorme, meu pequenininho Dorme que a noite já vem Teu pai está muito sozinho De tanto amor que ele tem
De repente o vejo se transformar Num menino igual a mim Que vem correndo me beijar Quando eu chegar lá de onde vim Um menino sempre a me perguntar Um porquê que não tem fim Um filho a quem só queira bem E a quem só diga que sim Dorme, menino levado Dorme que a vida já vem Teu pai está muito cansado De tanta dor que ele tem
Quando a vida enfim me quiser levar Pelo tanto que me deu Sentir-lhe a barba me roçar No derradeiro beijo seu E ao sentir também sua mão vedar Meu olhar dos olhos seus Ouvir-lhe a voz a me embalar Num acalanto de adeus Dorme, meu pai, sem cuidado Dorme que ao entardecer Teu filho sonha acordado Com o filho que ele quer ter Sobre a música e letra
O primeiro a gravar "O Filho que eu quero ter", de Vinícius de Moraes e Toquinho foi Chico Buarque, no disco Sinal Fechado, de 1974 (wikipedia e youtube). No ano seguinte, segundo relato de Luís Pini Nader no blog Por trás da letra (http://goo.gl/VVPTci), foi a vez dos próprios compositores gravarem a música no disco "Vinicius/Toquinho", da Philips com direção e produção de Fernando Faro e capa do artista plástico Elifas Andreato (mais informações em Discos do Brasil). Nader menciona ainda que "Toquinho costuma dizer que a vontade de ter filho era sua, mas Vinícius fez a letra pensando muito mais em si. O homem encantado com o sonho de ter um filho, vê-lo crescer e, ao final, em seu leito de morte, ser por ele embalado com a mesma canção com que o fazia ninar, embevecido por vê-lo reproduzir seu sonho de também ter um filho."